Olá colegas, na aula do dia 13/04/2012 na disciplina de Teoria do Currículo, fizemos um Seminário sobre o livro Escola Básica na Virada do Século.
Iniciamos com o capítulo I: ESCOLA BÁSICA EM TEMPOS DE NEOLIBERALISMO
Como parte introdutória
temos o ensaio de Michael Apple que contribuiu para tornar mais explicitas e
compreensíveis às razões que nos levaram para a temática da escola básica,
quanto para o tipo de abordagem desse seminário que começamos com a pergunta:
Por que a Faculdade de Educação, nos seus 25 anos recoloca em debate a escola
básica?
Como uma justificativa é que
a escola básica, num país como o nosso com tantas desigualdades e injustiça
social a que assistimos hoje é sempre um problema e um grande desafio, sendo
essa já uma razão muito forte, pois temos que examinar a escola básica numa
época muito especial porque diz respeito a um tempo que deve haver
transformações profundas, pois problemas graves se apresentam com configurações
inesperadas.
Quando nos preocupamos com a
escola básica, à vemos como uma esfera em que estão em jogo as articulações
políticas, sociais e econômicas imbricadas na produção e disseminação dos
códigos culturais hegemônicos. Lidar com essa escola significa envolver-se com
elementos e dispositivos em que estão implicados o poder e suas múltiplas conexões
com o saber.
Apple tem nos ajudado a compreender
que, como professores engajados não podemos esquecer nenhuma das reflexões que
têm permitido ampliar e aprofundar nossa participação nessas lutas.
Ao reconhecermos a escola
como conectada às relações de dominação e exploração que caracterizam a
sociedade é também preciso reconhecer seriamente, a complexidade da
problemática do poder.
Apple chama nossa atenção
para a importância teórica e política de nos voltarmos para as abordagens
pós-modernas sobre esta questão. Conforme ele diz às mudanças que ocorrem em
muitas sociedades expõem como crucial perceber a complexidade do nexo entre o
poder e conhecimento. Ele alerta que ao nos precavermos contra o perigo das
metanarrativas não podemos passar a agir como se o capitalismo, as diferenças
de classe e uma interpretação política do mundo deixassem de ter importância.
A frase que encerra um dos
seus últimos ensaios publicados entre nós é uma bela expressão de seu
pensamento atual: “ O mundo pode ser um texto, mas alguns grupos parecem ser
capazes de escrever suas sentenças sobre nossas vidas com mais facilidade que
outros.”
Parece que avaliar as
contribuições pós-modernas ou pós-estruturalistas como “politicamente
incorretas” ou negligenciá-las, não aliviaria nossas consciências, e muito
menos, na tentativa de encontrar uma alternativa para os impasses sociais que
têm nos desafiado. Para vermos com outros olhos esse contexto não é preciso
jogar fora convicções teóricas e políticas mas é preciso ter coragem de
tirá-las do altar intocável dos mitos e testar sua atualidade e fecundidade no
mundo cotidiano das relações entre homens, mulheres, natureza, índios, negros,
europeus, latino-americanos, etc, e tantas outras identidades quantas o nosso
planeta foi e continua sendo capaz de gestar.
O neoliberalismo não
encontraria tantos adeptos e não invocaria tanta legitimidade em sua retórica
se, com ela, não estivessem alinhados os discursos poderosos que ajudaram a erigir
as “certezas” e as “verdades” modernas. Já é mais do que tempo de duvidar
delas.
Apple não se veria como um
pós-modernista, apesar de sua reflexão hoje estar impregnada de teorizações
possibilitadas por aquele campo discursivo. Seu trabalho estaria inclinado para
o que Silva (1993) chama de campo político cultural no qual a Educação, a
Pedagogia e o Currículo são tomados como espaço de luta e conflito simbólicos
por imposição de significados e hegemonia cultural.
Ele mostra sua indignação
expressa em suas próprias palavras: “Não posso aceitar uma sociedade em que
mais do que uma entre cada cinco crianças nasce na pobreza, condição essa que
esta se agravando dia-a-dia. Tampouco posso aceitar como legítima uma definição
de educação que estabeleça como nossa tarefa a preparação de alunos para
funcionar sem problemas nos “negócios” dessa sociedade. Nações não são
empresas. E escolas não fazem parte de empresas, para ficarem eficientemente produzindo
em série o “capital humano” necessário para dirigi-las”.
Carolina Barcála e Vanessa Martins
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