domingo, 6 de maio de 2012

Teoria do currículo - Escola Básica na Virado do Século

 



Olá colegas, na aula do dia 13/04/2012 na disciplina de Teoria do Currículo, fizemos um Seminário sobre o livro Escola Básica na Virada do Século.
Iniciamos com o capítulo I: ESCOLA BÁSICA EM TEMPOS DE NEOLIBERALISMO

Como parte introdutória temos o ensaio de Michael Apple que contribuiu para tornar mais explicitas e compreensíveis às razões que nos levaram para a temática da escola básica, quanto para o tipo de abordagem desse seminário que começamos com a pergunta: Por que a Faculdade de Educação, nos seus 25 anos recoloca em debate a escola básica?
Como uma justificativa é que a escola básica, num país como o nosso com tantas desigualdades e injustiça social a que assistimos hoje é sempre um problema e um grande desafio, sendo essa já uma razão muito forte, pois temos que examinar a escola básica numa época muito especial porque diz respeito a um tempo que deve haver transformações profundas, pois problemas graves se apresentam com configurações inesperadas.
Quando nos preocupamos com a escola básica, à vemos como uma esfera em que estão em jogo as articulações políticas, sociais e econômicas imbricadas na produção e disseminação dos códigos culturais hegemônicos. Lidar com essa escola significa envolver-se com elementos e dispositivos em que estão implicados o poder e suas múltiplas conexões com o saber.
Apple tem nos ajudado a compreender que, como professores engajados não podemos esquecer nenhuma das reflexões que têm permitido ampliar e aprofundar nossa participação nessas lutas.
Ao reconhecermos a escola como conectada às relações de dominação e exploração que caracterizam a sociedade é também preciso reconhecer seriamente, a complexidade da problemática do poder.
Apple chama nossa atenção para a importância teórica e política de nos voltarmos para as abordagens pós-modernas sobre esta questão. Conforme ele diz às mudanças que ocorrem em muitas sociedades expõem como crucial perceber a complexidade do nexo entre o poder e conhecimento. Ele alerta que ao nos precavermos contra o perigo das metanarrativas não podemos passar a agir como se o capitalismo, as diferenças de classe e uma interpretação política do mundo deixassem de ter importância.
A frase que encerra um dos seus últimos ensaios publicados entre nós é uma bela expressão de seu pensamento atual: “ O mundo pode ser um texto, mas alguns grupos parecem ser capazes de escrever suas sentenças sobre nossas vidas com mais facilidade que outros.”
Parece que avaliar as contribuições pós-modernas ou pós-estruturalistas como “politicamente incorretas” ou negligenciá-las, não aliviaria nossas consciências, e muito menos, na tentativa de encontrar uma alternativa para os impasses sociais que têm nos desafiado. Para vermos com outros olhos esse contexto não é preciso jogar fora convicções teóricas e políticas mas é preciso ter coragem de tirá-las do altar intocável dos mitos e testar sua atualidade e fecundidade no mundo cotidiano das relações entre homens, mulheres, natureza, índios, negros, europeus, latino-americanos, etc, e tantas outras identidades quantas o nosso planeta foi e continua sendo capaz de gestar.
O neoliberalismo não encontraria tantos adeptos e não invocaria tanta legitimidade em sua retórica se, com ela, não estivessem alinhados os discursos poderosos que ajudaram a erigir as “certezas” e as “verdades” modernas. Já é mais do que tempo de duvidar delas.
Apple não se veria como um pós-modernista, apesar de sua reflexão hoje estar impregnada de teorizações possibilitadas por aquele campo discursivo. Seu trabalho estaria inclinado para o que Silva (1993) chama de campo político cultural no qual a Educação, a Pedagogia e o Currículo são tomados como espaço de luta e conflito simbólicos por imposição de significados e hegemonia cultural.
Ele mostra sua indignação expressa em suas próprias palavras: “Não posso aceitar uma sociedade em que mais do que uma entre cada cinco crianças nasce na pobreza, condição essa que esta se agravando dia-a-dia. Tampouco posso aceitar como legítima uma definição de educação que estabeleça como nossa tarefa a preparação de alunos para funcionar sem problemas nos “negócios” dessa sociedade. Nações não são empresas. E escolas não fazem parte de empresas, para ficarem eficientemente produzindo em série o “capital humano” necessário para dirigi-las”.
Carolina Barcála e Vanessa Martins









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