Seminário do livro "A Escola Básica na virada do século- Cultura , Política e Currículo"
Cap. VIII - A Escola e o espírito do Capitalismo* por Fernando Alvarez-Uria.
Neste capítulo o autor fala sobre a conexão que existe entre o sistema educativo e o sistema produtivo, onde as diferenças sociais, culturais e econômicas que contribuem para o exito ou para o fracasso escolar. O sistema de ensino é o ensino do sistema, as escolas contribuem para produzir e reproduzir a ordem social.
Na década de 80 com o neoliberalismo e a desregulação do mercado de trabalho, aumentou o perímetro da vulnerabilidade social e em consequência os bolsões de pobreza e marginalidade, nesse sentido, greve, pobreza, Aids, drogas, doença e delinquência aparecem como uma espécie de morte social. O êxito escolar é visto como a maior garantia contra o desenraizamento, assim a escola passa a ser o caminho contra esse destino, uma forma de tabua de salvação.
- As engrenagens escolares.
A escola contribui para a instalação do capitalismo em função de sua forma semelhante a de conventos e monastérios no sentido de manter a ordem! A escola organizada desta forma passa aos alunos a noção de hierarquia, uma organização piramidal onde no vértice estão os mestres, os monopolizadores do saber e do poder e na base final os alunos. A função da escola é a produção de bons cidadãos.
Conforme o autor do capitulo "Nas instituições totais, como no convento, existe um regime disciplinar, um controle dos movimentos e deslocamentos, horários marcados por campainhas que substituem os convencionais toques dos sinos; enfim, impera para os internos a obrigação de submeter-se a normas preestabelecidas. Da mesma forma que nesses centros de mortificação do eu, os espaços estão demarcados em função das hierarquias e da sequencia das atividades. Os silêncios, as filas, os exames, a compartimentação dos movimentos no espaço e no tempo, os prêmios e castigos, o trabalho e obediência vão conformar determinados tipos de personalidades. Mas, por sua vez, a escola compartilha algumas características com as instituições vorazes: exige uma entrega total de alunos e professores, uma imersão da mente e do corpo em atividades que comprometem os sujeitos na sua totalidade não apenas durante as horas de aula, mas também na sua vida cotidiana e em suas horas de descanso; promove um sistema de imersão que reclama, dos professores, a vocação, a entrega total à sua profissão".
- O espirito do capitalismo
O Ocidente impôs uma gestão - organização racional do capital. Dessa imposição surge a necessidade de um novo modelo de vida com norma e regras. E nesse contexto a escola em seu modelo semelhante a conventos e monastérios colaborou para a formação desse novo sujeito.
A relação entre a escola e o capitalismo explica-se no fato de as classes dominantes desprezarem o projeto democrático da educação para igualdade. Dessa forma explica-se a importância dada à imposição da disciplina, submissão, ordem, hierarquias e as cerimonias que degradam a personalidade dos alunos nas escolas. Isso explica o desagrado que estas escolas geram nos alunos, que percebem que estas instituições impõem uma cultura bem diferentes às suas raízes e interesses.
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