sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Resumo do livro ”PEDAGOGIA DA AUTONOMIA” de Paulo Freire.
                                                                                                                       
                                                                                                                        Por Viviane de Oliveira.
                                                                                                      
Este livro nos fala sobre a ética e os compromissos do professor.
Que é preciso refletir a nossa prática enquanto educadores, se estamos favorecendo a autonomia do ser dos nossos alunos.Que a formação científica,  ética, respeito aos outros, coerência, capacidade de viver e de aprender com o diferente, são obrigações a que devemos nos dedicar. 
1. Não há docência sem discência.
Há saberes que são inerentes da prática educativa em si mesma independente da concepção do educador.
A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teórico/prática.
Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua  construção.
Quando Freire diz que não há docência sem discência, ele quer dizer que: quem ensina aprende o ensinar, e quem aprende ensina o aprender.  Homens e mulheres são seres inacabados.
O processo de aprender pode promover no aprendiz uma curiosidade crescente, o que pode torná-lo mais criador.
A força criadora do aprender de que fazem parte à comparação, a repetição, a constatação, a curiosidade, é que supera os efeitos negativos do falso ensinar.
O saber ensinado exige que o objeto ensinado seja aprendido na sua razão de ser, e portanto, aprendido pelos educandos.
A leitura verdadeira é aquela que nos compromete de imediato com o texto.
Uma das condições necessárias a pensar certo, é não estarmos demasiado certos de nossas certezas.
O ensinar lida com dois momentos: um em que se ensina e se aprende o conhecimento já existente, e outro em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente.
Não há ensino sem pesquisa, e pesquisa sem ensino. Enquanto ensinamos, continuamos a buscar, a tornar a procurar. Pesquisamos para conhecer o que ainda não conhecemos, e comunicar ou anunciar a novidade.
Pensar certo, do ponto de vista do professor, tanto implica o respeito ao senso comum no processo de sua necessária superação, quanto o respeito e o estímulo à capacidade criadora do educando.
É preciso estabelecer uma intimidade entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos.
A curiosidade é inerente ao processo de ensino-aprendizagem. Não há criatividade sem curiosidade.
Se, se respeita à natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Educar é formar.
Pensar certo é fazer certo, é ter segurança na argumentação é saber discordar do seu oponente sem ser contra ele ou ela.
“Pensar certo” não é um ato isolado, mas um ato comunicante que necessita entendimento.
Ao educador, cabe desafiar o educando e produzir sua compreensão do que sendo comunicado.
A prática docente crítica envolve o movimento dinâmico e dialético entre o fazer e o pensar sobre o fazer.
O “pensar certo” tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em comunhão com o professor formador.
É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.
Ao assumir nós mesmos não estamos excluindo os outros, significa assumir-se como ser histórico e social, pensante, transformador e criador.
A questão da identidade cultura é fundamental na prática educativa e tem a ver diretamente com assumir-nos enquanto sujeitos.

2 - Ensinar não é transferir conhecimentos
Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.
Onde há vida, há construção. Mas só entre homens e mulheres esta construção se tornou consciente. A História de qual fazemos parte é um tempo de possibilidades, não de verdades predeterminadas.
Somos seres condicionados, mas conscientes que estamos em construção, e, por isso, sabemos que podemos ir além dele. Esta é a diferença entre o ser condicionado e o ser determinado.
Nossa presença no mundo não é a de quem nele se adapta mas, a de quem nele se insere. Assim como as barreiras são difíceis para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sabemos também que os obstáculos não se eternizam.
Assim, homens e mulheres se tornam educáveis na medida em que se reconheceram inacabados. Não foi a educação que fez mulheres e homens educáveis, mas a consciência de que não são seres prontos.
O respeito á autonomia e á dignidade de cada um, é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros.
Saber que devo respeito á autonomia e a identidade do educando, exige de mim uma prática em tudo coerente com este saber.
O exercício do bom senso se faz no “corpo” da curiosidade. Neste sentido, quanto mais pomos em prática de forma metódica a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais eficazmente curiosos nos podemos tornar e mais crítico se pode fazer o nosso bom senso.O exercício do bom senso vai superando o que há nele de instintivo na avaliação que fazemos dos fatos e dos acontecimentos que nos envolvemos.
A luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática ética. Não é algo que vem de fora da atividade docente, mas algo que dela faz parte.
Uma das formas de luta contra o desrespeito dos poderes públicos pela educação, de um lado, é a nossa recusa a transformar nossa atividade docente em puro bico, e de outro, a nossa rejeição a entendê-la e a exercê-la como prática afetiva de “tias e de tios”.
A capacidade de aprender, não apenas para nos adaptar, mas sobretudo para transformar a realidade para nela intervir, recriando-a, fala de nossa educabilidade a um nível distinto do nível do adestramento dos outros animais ou do cultivo das plantas.
Aprender, para nós, é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz se abertura ao risco e á aventura do espírito ( pg. 78).
Há uma estreita relação entre a alegria necessária á atividade educativa e a esperança.
A esperança de que professor e alunos podem aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos á nossa alegria.
A desesperança é a negação da esperança. A esperança é um condimento indispensável á experiência histórica, sem ela não haveria História, mas puro determinismo.
O mundo não é. O mundo está sendo. Não somos apenas objeto da História, mas seus sujeitos igualmente.
É a partir deste saber fundamental: mudar é difícil mas é possível, que vamos programar nossa ação político-pedagógico ( pg. 89).
O fundamental é que professores e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é aberta, curiosa, indagadora e não passiva, enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se assumam como seres curiosos.
Mas, não podemos esquecer, que a curiosidade, assim como a liberdade deve estar sujeita a limites eticamente assumidos por todos. Minha curiosidade não tem o direito de invadir a privacidade do outro e expô-la aos demais.

3. Ensinar é uma especificidade humana
A prática docente verdadeiramente democrática exerce a sua autoridade porque tem sabedoria
A segurança com que a autoridade docente se move implica numa outra, a que se funda na sua competência profissional. Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta competência. O professor que não leve a sério sua formação, que não estude, que não se esforce para estar á altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe, a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor.
O clima de respeito que nasce de relações justas, séria, humildes, generosas, em que a autoridade docente e as liberdades dos alunos se assumem eticamente, autentica o caráter formador do espaço pedagógico.
O ensino dos conteúdos implica o testemunho ético do professor. É impossível separar o ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos, a teoria da prática, a autoridade da liberdade, a ignorância do saber, o respeito ao professor do respeito aos alunos, ensinar de aprender.
Como professor, não me é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se não supero permanentemente a minha.
O espaço pedagógico é um texto para ser constantemente “lido” interpretado, “escrito” e “reescrito’. Neste sentido, quanto mais solidariedade exista entre o educador e educandos no “trato” deste espaço, tanto mais possibilidades de aprendizagem democrática se abrem na escola.
A educação jamais é neutra, ela pode implicar tanto o esforço da reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento. Do ponto de vista dos interesses dominantes, não há dúvida de que a educação deve ser uma prática que esconde as verdades.
Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de decisão. Sou professor a favor da liberdade contra o autoritarismo, da democracia contra a ditadura. Enfim, sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais.


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