segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Algumas reflexões: Documentos de Identidade - Uma Introdução Às Teorias De Currículo


Entender a proposta do livro foi bastante complexo, já que o autor utiliza uma linguagem diferente do nosso cotidiano, levantando questões, fazendo desmoronar uma série de conceitos e de certa forma “uma acomodação” aos valores repassados pela nossa própria cultura, que nos deixam cegos uma interpretação mais aguçada dos fatos e suas consequências no cotidiano social e educacional.

Tomas Tadeu aborda nos capítulos inicias do livro analisando criticamente desde as teorias tradicionais até as pós-críticas e suas implicações na formação do sujeito e sua identidade. Entender sua proposta é como colar um ovo, já que requer muita atenção e total desconstrução de conceitos assegurados pela nossa cultura.

Segundo ele, a teoria tradicional, descrita também por Bobbitt, a educação, assim como a escola, e nesta, o currículo, deveria funcionar com uma empresa, servir a um fim determinado dependendo do modelo a ser aplicado: técnico, produtivo, modelo padrão. A escola então servia como modeladora de sujeitos a serviço do Estado.

O pensamento de Michel Apple serve de base nas próximas décadas, colocando em questionamento o equilíbrio dos saberes, de dominados a subordinados. Segundo Apple, o currículo representa as estruturas econômicas e sociais em sua forma mais ampla. Em uma sociedade capitalista que reproduz e condiciona a organização de um conceito vinculado ao poder, ao ter e sua participação na formação e permanência dos grupos dominantes. O conhecimento é corporificado, assim como o currículo não é neutro, nem desinteressando, ele esconde suas intenções. Entram em questionamento ô porque de certos fatos, de certos conhecimentos. E este movimento é regido por contestação, resistência e conflito. E no conflito aparecem as divergências.

Na concepção de Giroux o currículo é politico, cultural e critico. Se configurar na construção de significados e valores sociais. Ele discorre sobre a pedagogia das possibilidades. É por meio das discussões e negociações que se poderia chegar ao equilíbrio.

Segundo o pensamento de Paulo Freire, o currículo expressa uma educação que está fora da realidade do sujeito, este não revela o seu mundo e  a ele nada acrescenta. O currículo deveria expressar suas características, revelar seu mundo, partir de suas vivências e respeitar seus valores. A educação é vista como politica, que leva o sujeito a pensar, se apropriar de seu conhecimento e criticar politicamente o mundo, por isso caracterizada como educação libertadora.

No livro, Tomás Tadeu levando a questão do currículo oculto e as suas redes que convivência. Embora saibamos que esta ali, invisível, ele esta implícito, exteriorizado nas marcas, nas formas, nas chamadas, na mídia, no consumo, enfim, voltamos à tríade: poder-saber-ser. Como identificar essas mudança que ocorre na sociedade tendo como base uma educação visada pelo tradicionalismo e conformidade? Pergunto-me, se é possível discutir e entender as novas mensagens e códigos que esta geração está tentando direcionar?

Diante do movimento global, a imersão das teorias pós-críticas aproxima e ao mesmo tempo distancia o entendimento dos fenômenos contemporâneos da atualidade. A globalização foi determinada pelos países do primeiro mundo, e nós da parte inferior do planeta, fomos engolfados por suas políticas de boa vizinhança. Somos obrigados a incluir os excluídos, mas assim o fazemos excluindo-os, porque o preparo foi impróprio e a reprodução do aprendizado também o foi. O currículo trata dos diferentes e minoritários como semelhantes, mas eles estão ali, a parte, sendo lembrados de tempos de tempos, assim fica minimizada sua participação no grande projeto da globalização.

As teorias críticas colocam em xeque os conceitos de gênero, classe e etnia. O currículo reproduz os estereótipos e novamente as desigualdades  sociais. É visto como um artefato, que corporifica e reproduz as relações de gênero. Entender e compreender esses conceitos colocando-os em prática dentro do currículo significa ao pensamento de Silva, modificar o presente, trazendo a luz das discussões mudanças no dia-a-dia, como por exemplo, questionar ô porque das datas comemorativas. Estas por si só, representam uma forma de exclusão, já que expressam um discurso prévio, explicito ocultamente e não questionado pela sociedade.

Buscar lidar com a questão da diferença como uma questão histórica e politica, questionando a diferença e a diversidade é uma tentativa de gerar questionamentos e provocações, de modo que os sujeitos reajam aos chamados discursivos e interrompam o ciclo vicioso deste processo.

Referência

THOMAS, Tadeu Silva. Documentos De Identidade – Uma Introdução Às Teorias De Currículo. 3ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.


Nenhum comentário:

Postar um comentário