domingo, 12 de junho de 2011

Processos Neurológicos: Neuropedagogia e a Complexidade Cerebral na Sala de Aula

Para garantir que as informações sejam ransformadas em aprendizagem, as aulas devem ser emolduradas pela emoção o conhecimento e a aplicação da Neuropeda-gogia na educação perpassa por uma visão neurocientífica do processo de ensinar e aprender. Contribui na identificação de uma análise biopsicológica e comportamental do educando por meio dos estudos da anatomia e da tisiologia no sistema nervoso central. Explica, modela e descreve os mecanismos neuronais que sustentam os atos perceptivos, cognitivos, motores, afetivos e emocionais da aprendizagem.


Sob este ponto de vista educacional, conhecer o processo da aprendizagem se tornou um novo desafio para os professores, e o ambiente desta especificidade é a sala de aula. É preciso reconfigurar este lugar de forma que se possa promover maior convergência entre Ciência, aprendizagem, ensino e Educação.

O professor, ao estabelecer as estratégias de ensino em relação ao seu conteúdo em seus planejamentos, deve estar ciente de que as suas turmas constituem uma biologia cerebral, tal qual uma verdadeira ecologia cognitiva. Afinal, funcionam em movimentos ininterruptos de transformações intrínsecas e extrínsecas. É preciso que o professor perceba que, neurofisiologicamente, os alunos estão com os sistemas dos sentidos biológicos muito estimulados e, por conseguinte, existe um movimento de conexões nervosas que nunca estanca.


O aprendiz atual é o Sujeito Cerebral. Este novo conceito vem surgindo com as descobertas da Neurociência nas últimas décadas. O cérebro vem se tornando, mais que um órgão, um ator social que responde cada vez mais por tudo aquilo que outrora costumava se atribuir à pessoa, ao indivíduo, em partes. Surgiu como único e verdadeiramente indispensável para a existência do "eu" e para definir a individualidade na pluralidade O humano se tornou "sujeito cerebral". É o estudante que argumenta, questiona e que tem autonomia em aprendei: O papel do professor é provocar desafios, promover ações reflexivas e permitir o diálogo entre emoções e afetos num corpo orgânico e mental que é o "palco" destas reações.


Para garantir que as informações sejam transformadas em aprendizagem, as aulas devem ser emolduradas pela emoção, pois quando estas têm significado para a vida e vêm pelo caminho da emoção, jamais serão esquecidas. Quando o estímulo já é conhecido do sistema nervoso central, desencadeia uma lembrança; quando o estímulo é novo, desencadeia uma mudança. Assim, torna-se mais fácil compreender a aprendizagem do ponto de vista neu-rocientífico. Por isso é que, hoje, toda a questão de aprender torna-se inesgotável, pois se existem várias maneiras de aprender pelos circuitos neurais, têm-se diferentes maneiras de se ensinar.




Diante da criação e da elaboração do pensar, faz-se necessária a conjugação de saberes cognitivos, emocionais. Para isso, o cérebro tem de estar pronto a realizar novas conexões e, principalmente, desejar que isso ocorra, pois aprender é um ato "desejante".


Novos rumos


O novo caminho que o professor poderá percorrer a fim de despertar o interesse do estudante para as novas aprendizagens é pelas conexões afetivas e emocionais do sistema límbico, sendo estas ativadas no cérebro de recompensa. Por isso, precisam ser preservadas e respeitadas, pois são centelhas energéticas que provocam a liberação de substâncias naturais, os mensageiros químicos conhecidos como serotonina e dopamina, pois estão relacionados à satisfação, ao prazer e ao humor. Já o estresse na sala de aula provoca a liberação de adrenalina e cortísol, substâncias que agem como bloqueadoras da aprendizagem e que alteram a fisiologia do neurônio, interrompendo as transmissões das informações das sinapses nervosas.


Para uma aprendizagem significativa, a aula tem de ser prazerosa, bem-humorada, elaborada e organizada estrategicamente a fim de atender aos movimentos neuroquímicos e neuroelétricos do estudante. O cérebro é ávido por novas informações. O professor que não instiga seus estudantes à dúvida e à curiosidade, inibe o potencial de inteligência e afetividade no processo de aprender.

O cérebro humano, no início de uma aula, solicita, por meio de suas conexôes neurais, fatos novos, pois a concentração inicial é fundalmental para receber novas informações, devido à produção de aceticolina, que mantém os movimentos das sinapses da célula nenraL E muitas das vezes, o que o professor acaba fazendo? Usa esses momentos iniciais e preciosos para o cérebro fazendo 'domada' ou "dando" informações que este cérebro muitas das Tezes fá conhece, por exemplo, revisão do que já foi dito. Esta estratégia deveria ser reservada para o final da aula. O professor precisa provocar inicialmente no educando aquilo que ele ainda não sabe ou não conhece, e propor desafios. O cérebro agrlr, diante de fatos novos ! Ao final de uma aula,
solicite ao estudante que relate oralmente, ou por escrito, ou por outra estratégia, o que ele aprendeu. Na verdade, ele não diz o que aprendeu, e sim o que fez na aula. Por isso, é momento de se pensar uma nova maneira de ensinar, pois o aprender é se transformar inrrinsecamente por reflexões de atitudes e de comportamentos. O estudante tem de encontrar significado no que estuda, do contrário, o cérebro, como fiel escudeiro da aprendizagem significativa, deve encontrar coerência na informa­ção que recebe, senão a apaga.


 Currículo Escolar


 Qaundo se entende o funciomento da aprendizagem , compreende-se que esta é individual e personalizada por isso não combina com currículo escolar, porque o da escola institucional não é o ritmo da sinapse neural. O dante tem de aprender ou pseudoaprender os conteúdos das necessidades estatísticas, e muitas das vezes apresenu determinada dificuldade e esta não é resolvida. Como q nunca se para para solucionar o problema, o estudante sua vida escolar com hiatos em diferentes aspectos, percebes-do-se num processo de insucesso escolar ao longo de sua acadêmica e, muitas vezes, desistindo de estudar. Quando fala que aprendizagem é o ritmo de cada um, isto tem a ver com as sinapses neurais que perpassam pelo interesse do cérebro de recompensa e o desejo do sistema límbico e cognitivo.




Os objetivos educacionais e as práticas pedagógicas precisam ser repensados, a fim de valorizar a aprendizagem biológica ou sináptica, mas também a subjetiva, a afetiva, a emocional, a social e a cultural. Os agentes destas mudanças são os representantes e integrantes envolvidos na escola, alicerçados pela família. É necessário construir vínculo afetivo para que se possam compreender as necessidades e o comportamento dos estudantes, bem como suas limitações, idéias divergentes e soluções criativas para diversos problemas

Hoje, o diálogo entre Educação e Neurociência é possível, porém implica na demanda de pesquisas e conhecimentos inerentes dos processos neurofisiológicos na relação da aprendizagem e do comportamento humano. As atividades pedagógicas apresentadas em sala de aula e na esco­la devem promover especificamente o aprofundamento dos conceitos e o de­senvolvimento de pensamentos mais abrangentes e complexos do cérebro, a fim de saber aplicar e provocar diferentes estímulos, no momento certo, no pro­cesso do acompanhamento nos métodos pedagógicos. É necessário provocar de­safios, como utilizar o espaço fora da sala de aula, criar projetos de leitura e escrita, ajudar os estudantes a preparar discur­sos, despertar para os debates, elaborar palavras cruzadas. Reescrever letras de músicas para trabalhar conceitos, jogos de estratégias, usar informações em grá­ficos, estabelecer linhas do tempo, pro­porcionar atividades de movimentos. Desenhar mapas e labirintos, conduzir atividades de visualização, jogo de memória. Permitir a criação, valorizando o ritmo de cada um, designar projetos individuais e direcionados, estabelecer metas, oferecer oportunidades de receberem informações uns dos outros e envolver em projetos de reflexão, utilizando-se de aprendizagem cooperativa.


Releitura teórica


Estudar a Neuropedagogia é fazer uma releitura das principais teorias da aprendizagem. Mas também é reconhecer que é uma Ciência, que estuda a aprendizagem no contexto do processo químico, celular, anatômico, funcional, patológico, comportamental do sistema nervoso, evidenciando, assim, uma visão sistêmica e integradora do estudante. E que a abordagem neurocientífica da aprendizagem compreende o entendimento da formação da inteligência, da emoção e do comportamento na interface no contexto escolar, nas dimensões biológica, psicológica, afetiva, emocional e social.



A Neuropedagogia promove o reconhecimento de que ensinar a um sujeito cerebral uma habilidade nova implica maximizar o potencial de funcionamento de seu cérebro. Isso porque aprender exige necessariamente planejar novas maneiras de solucionar desafios e de atividades que estimulem as diferentes áreas cerebrais, a fim de desvendar com eficiência o desenvolvimento das potencialidades humanas e a capacidade de pensar.

Um comentário:

  1. REFERÊNCIAS
    DANTAS. Pedro da Silva. Para conhecer Wallon, uma Psicobgia dialética '• - " -: ense. 1983
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    o Muro do pensamento na era da Informática. 10- ed.
    OLIVEIRA, Jayr Figueiredo de. T.I.C. - Tecnologias da Informação e da Qmricaçao. São Paulo:
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    RELVAS, Marta Pires. Neurociência e transtornos de aprendizagens as —i_ro<as ei ciências para
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