terça-feira, 19 de abril de 2011

A fundamentação teórica vai muito além de uma mera citação

Escrito por Luiz Carlos dos Santos


Qua, 13 de Abril de 2011 00:00

Depreende-se, por meio do processo de avaliação, que muitos estudantes, na produção de trabalhos acadêmicos, principalmente aqueles iniciantes na pesquisa, acreditam que o simples ato de citar confere lastro epistemológico ao trabalho, estudo ou à pesquisa. Em outras palavras - a tarefa de transpor para o texto menções de autores da área sob investigação, extraídas de livros, revistas especializadas, anais de eventos técnico-científicos, culturais, artísticos ou literários fundamenta teoricamente um determinado estudo.





O domínio da citação, de acordo com a NBR 10520, de 2002, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em pleno vigor, faz parte do rito de uma produção acadêmico-científica, em especial, na apresentação do trabalho, sob a forma de Relatório. Todavia, essa é apenas uma etapa de um estudo, pois não basta trasladar para o texto citações de expoentes da área de conhecimento que está sendo elaborado ou revisado.



A citação literal (direta) ou interpretada (indireta) pode, em princípio, evidenciar que o trabalho não foi executado a partir das idéias do estudante ou iniciante na pesquisa, porque citar, indefinidamente, autores expert, ainda que de determinado tema, categoria, eixo ou subeixo do conhecimento, sob elucidação, sem os devidos comentários, argumentações e inferências não valida a produção. O estudo, nessa condição, é desprovido do rigor científico porque não demonstra a capacidade intelectiva de quem o elabora. No máximo, poder-se-ia enquadrá-lo como uma mera compilação - “uma colcha de retalhos”.



A produção eivada de plágio é tipificada com furto - crime previsto na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e regulamentada por Lei Federal, denominada de “Estatuto da Propriedade Intelectual”; assim como, o trabalho que tão somente traz para o texto, em desenvolvimento, citações sem interpretação/reflexão de quem o elabora não tem valor algum.



Portanto, depois das leituras (seletiva, analítica e interpretativa), seguida de resumo completo (contendo as idéias-chave; sendo fiel ao autor, com as palavras de quem elabora a peça; inseridas citações; e, com o devido posicionamento crítico), cabe ao estudante ou iniciante na pesquisa científica armazená-lo em fichamento (manual ou eletrônico), para a facilitação na elaboração, por ocasião da construção dos capítulos ou seções que compõem o corpo do trabalho.



Nessa perspectiva, a produção deixa de ser simplesmente um “achado de citações”, mas uma demonstração de riqueza teórica, capaz de alicerçar o estudo rumo à desnudação do fato, ocorrência ou fenômeno (resolução do problema investigado), comprovação das hipóteses ou questões norteadoras e, por conseguinte, evidenciar o alcance dos objetivos propostos na pesquisa - seja esta uma monografia, artigo técnico-científico, dissertação, tese ou outro assemelhado.



Ah! Um alerta: o ponto de partida é a busca incessante de fontes bibliográficas, documentais e eletrônicas. Acresça-se ao fato, a necessidade de priorizar o trabalho em detrimento de outras atividades que podem ser realizadas depois da concretização da produção acadêmico-científica.



Referências:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e elaboração - citação - apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

BRASIL. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 2008.

SANTOS, Luiz Carlos dos Santos. Tópicos sobre Educação, Metodologia da Pesquisa Científica [...]. Salvador: Quarteto, 2007.

______. Artigo Técnico-Científico: por que elaborá-lo? Salvador: EDUNEB, 2004.

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